domingo, 2 de maio de 2010

See You On The Other Side

“(…) Grieving. Grieving. Grieving.
I hate to say "good-bye"
"Dust and ash forever" yea
Though I know we must be parting.
As sure are starts are in the sky.
I'm gonna see you when it comes to glory.
And I'll see you, I'll see you on the other side (…)”
(See You On The Other Side – Ozzy Osbourne)




Ao contrário de um nascimento, que sempre sabemos o que esperar, a morte é sempre uma surpresa desagradável... E esta semana, mais uma vez, tive que encarar a fragilidade da vida humana...

No dia 22, um primo foi submetido a uma cirurgia para retirada de um tumor na cabeça. Ele tinha organismo já debilitado pelos anos de alcoolismo e diabetes, acabou não resistindo, e faleceu na madrugada de segunda feira (26 de abril).

Apesar de ser batizada e crismada pela Igreja Católica, não tenho religião definida. Acredito em Deus, na fé e que a morte é apenas uma passagem; inúmeras experiências me convenceram de que morrer não é o fim. Mas este é o tipo de situação que sempre me faz pensar no rumo que dou à minha vida, e nas decisões que tomo...

A morte nunca foi tabu para mim; falo dela sem problemas e encaro a situação quando necessário... Este é um dos problemas de ser uma criança precoce: meus pais nunca conseguiram me poupar de nada... Nunca ouvi as mentirinhas do tipo “a tia foi viajar para bem longe e não volta mais”. Muito pelo contrário, minha primeira experiência do tipo foi aos 6 anos, quando uma tia muito querida faleceu e meus pais se viram forçados a me falar a verdade (é, sempre fui curiosa e nunca me contentei com o “porque sim”).

Desde então, entendi que um dia vamos embora, vamos deixar aqui pessoas que amamos, e muita, muita saudade. Também entendi a importância que temos na vida dos outros e a ligação com nossos familiares (boa ou ruim). E mais que tudo isso: entendi que quando alguém que amamos vai embora, precisamos de ombros fortes para dividir conosco este peso, e nos consolar quando precisamos.

Nesse meio tempo, perdi muitas pessoas queridas... Amigos que amava demais... Tios, avós e meu pai. Cada um levou um pedaço de mim, mas deixou muito de si. E posso dizer que ainda vivem em mim, por meio das lembranças, pelos valores que me deixaram e pelo amor que ainda tenho por todos eles.

Acredito que esse é o grande sentido de viver para sempre: viver nos outros quando deixarmos esta vida, pelas coisas que fizemos e pelo amor que tivemos uns pelos outros. E também que esta é a ligação que me fará reencontrar todos eles algum dia....

Meu primo era quase um irmão para meu pai. Nasceram no mesmo ano, eram filhos únicos, foram criados juntos, viveram situações muito parecidas e sempre estiveram muito presentes um na vida do outro.
E, assim como meu pai, meu primo foi embora cedo, e deixou a mãe idosa... E ela é a grande preocupação de todos; apesar de forte e de ter uma saúde de ferro, minha tia tem 87 anos, e está sem rumo... Agora cabe a nós, as sobrinhas, consolar e rezar para que minha tia encontre uma razão para viver bem o restinho do tempo que lhe resta aqui neste mundo...

A vida é muito curta quando comparada à eternidade, e somos seres muito frágeis... Nunca sabemos quando deixaremos este plano. Por isso, procuro viver da melhor forma possível, aproveitando cada minuto. No fim, é como diz o Rei... “se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi”.

E são essas emoções que quero levar comigo e deixar aqui quando for a minha hora de partir... e que esteja bem longe, de preferência!! rs

sábado, 24 de abril de 2010

Everybody Hurts

"(...) Sometimes everything is wrong,
Now it's time to sing along
When your day is night alone (hold on, hold on)
If you feel like letting go (hold on)
when you think you've had too much of this life
Well hang on (...)
(Everybody Hurts - R.E.M.)


Hoje, quero dividir com vocês um texto muito popular, mas praticamente desconhecido em sua totalidade... Acho que este trecho fala melhor sobre o que vem acontecendo na minha vida do que eu mesma poderia escrever...


"(...) E a raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:
- Por favor... cativa-me! Disse ela.
- Bem quisera, disse o principezinho, mas não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
- Que é preciso fazer? Perguntou o principezinho.
- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mau-entendidos. Mas, a cada dia, te sentarás mais perto...
No dia seguinte o principezinho voltou.
- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração...É preciso ritos...
... Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não queria te fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...
- Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! Disse o principezinho.
- Vou, disse a raposa.
- Então, não sais lucrando nada!
- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.
Depois ela acrescentou:
- Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua é única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te farei presente de um segredo.
Foi o principezinho rever as rosas:
- Vós não sois absolutamente iguais a minha rosa, vós não sois nada ainda. Ninguém ainda vos cativou, nem cativaste a ninguém. Sois como era minha raposa. Era uma igual a cem mil outras. Mas eu fiz dela um amigo. Agora ela é única no mundo.
E as rosas estavam desapontadas.
- Sois belas, mas vazias, disse ele ainda. Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é porém mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus sob uma redoma. Foi a ela que eu abriguei com o paravento. Foi dela que eu matei as larvas ( exceto duas ou três borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.
E voltou, então, à raposa:
- Adeus, disse ele...
- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que fez tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho a fim de se lembrar.
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não deve esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...
- Eu sou responsável pela minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar. (...)"

(Trecho de O Pequeno Príncipe - Antoine de Saint-Exupéry)

Cada pessoa que cruzou meu caminho se tornou de alguma forma especial para mim. Minhas raposas são únicas, e devo a elas muito mais que palavras podem expressar!

Todavia, ainda busco minha rosa, e busco também ser a rosa de alguém.

"Por favor... cativa-me!"

sábado, 3 de abril de 2010

Malandragem

“(...) Bobeira é não viver a realidade
E eu ainda tenho uma tarde inteira
Eu ando nas ruas, eu troco um cheque
Mudo uma planta de lugar
Dirijo meu carro
Tomo o meu pileque
E ainda tenho tempo pra cantar(...)”
(Malandragem – Cassia Eller)


Será que algum dia irei me acostumar com as pessoas que vivem fora da realidade?

Por mais que tente, é sempre muito difícil entender como alguém pode viver no “Fantástico Mundo de Bob”... e o pior disso tudo é que ultimamente vivo cercada de pessoas assim.

Honestamente, não consigo entender como alguém consegue viver momentos que só estão na sua cabeça, ter amigos imaginários, projetar nos outros sentimentos que não existem, e assim vai... Aqui não estou falando de amores platônicos. Estou falando de uma fuga absoluta da realidade.

Entre 2008 e 2009 acompanhei uma situação assim... uma menina apaixonada por um rapaz que não queria nada (alem do óbvio) com ela. Me compadeci, tentei ajudar, mas aos poucos percebi que ela não queria entender a realidade...

Ela vivia um mundo de ilusões, um amor que só existia em sua cabeça, e estava cega demais para aceitar a verdade: alem de não querer nada sério, o rapaz ainda a maltratava e não tinha um pingo de respeito por ela.
Mesmo depois de ver e ouvir vários absurdos, ela continuou correndo atrás dele, achando que mesmo depois de 3 anos e,e descobriria o quanto a amava. Deve estar nessa até hoje.

No começo, achava que a loucura era só na cabeça dela. Que o problema era a baixa auto-estima, a falta de amor-próprio, enfim... Com o tempo, fui percebendo mais duas coisas: ele gostava de machucar a moça, e o pior de tudo, ele mesmo vive num mundo encantado que só existe na cabeça dele, chegando ao ponto de criar amigos falsos no Orkut e no MSN.

Bem, quando descobri isso confesso que entrei em choque. Já havia lidado com pessoas que fogem da realidade antes... Mas eram casos de trauma que levaram a uma fuga temporária. Aos poucos as pessoas despertavam para a realidade...

A questão aqui é que as pessoas simplesmente não percebem que vivem fora do mundo... A moça em questão é uma alienada, a ponto de não saber que o Corinthians é um clube. E o rapaz, alem de usar isso a seu favor, desenvolveu uma espécie de personalidade múltipla, e não faço a menor idéia de que grau ele atingiu.

Quero deixar bem claro que essas pessoas têm famílias bem estruturadas, não passam por dificuldades, têm todo apoio familiar que precisam... O que eles têm mais em comum? Ambos não possuem amigos, ambos não possuem vida social, pessoas em quem confiar... e pelo jeito, ambos não se aceitam como são.

Não sei a que ponto chega esse distúrbio (para mim é um distúrbio sim, por que normal certamente não é!!), mas a cada convite de fake que recebo vindo desse rapaz, me revolto. E estou escrevendo este post simplesmente por que acabei de receber mais um! É pessoal, alem de tudo, os perfis falsos adicionam os amigos dele...

Não sei qual é o propósito (se é que há algum), e nem me interessa saber realmente... Mas não entendo como pessoas que tem vidas tão boas não conseguem sair do casulo, romper a bolha, e ver a vida real.

Poxa, temos tão pouco tempo aqui nesse mundinho... Somos tão frágeis, qualquer coisa pode nos acontecer a qualquer momento, e nos tirar esse privilégio, que é viver... E estas pessoas preferem viver em mundos imaginários, preferem vidas de mentira a viver de verdade.

Não estou julgando ninguém... cada um sabe o que é melhor para si. Mas fico me perguntando se essas pessoas são realmente felizes... se algum dia souberam o que é ser feliz de verdade, o que é alegria de verdade... honestamente, não sei...

Mas também não quero pessoas de mentira por perto. Gosto de gente que ri, que chora, que sente, que vive. Gente que desfruta o melhor e o pior da vida, fora do “Fantástico Mundo de Bob”.

Minha vida mesmo não é muito boa... Passei por diversos momentos complicados, dias muito tristes mesmo, que apagaram o sorriso do meu rosto quase para sempre... Mas, nunca tive a pretensão ou a vontade de viver a vida de outra pessoa!

Sei que já passei por diversas experiências, coisa demais para pessoas da minha idade. Mas mesmo assim, NUNCA desejei viver menos do que já vivi. Não troco minha vida por mentiras, por capítulos de novela ou castelos imaginários.

Tenho certeza que nunca recebemos um fardo pesado demais para carregar... E tenho pena de quem não consegue ver a vida em sua plenitude...

Afinal, VIVER é tão bom!



quinta-feira, 18 de março de 2010

Sobre o Tempo

“(...) O tempo engana aqueles que pensam
Que sabem demais que juram que pensam
Existem também aqueles que juram
Sem saber
O tempo passa e nem tudo fica
A obra inteira de uma vida
O que se move e
O que nunca vai se mover (...)”
(Sobre o Tempo – Nenhum de Nós)


Admito: sou viciada em Rock’n Roll! Está no meu sangue, na minha alma, em meu coração. Já faz parte de mim, de minha vida... e não consigo mais mudar minha preferência!

Mas, entendam: não sou militante, não sou fã de nenhuma banda especifica. Gosto, ouço e acompanho diversos estilos dentro do rock, posso variar do punk para o melódico sem o menor preconceito, mas não suporto hipocrisia e a falta de criatividade de algumas bandas... mas isso não é tema para este post.

Passei minha adolescência nos anos 90, e tive a chance de acompanhar a carreira de diversas bandas lendárias, músicos fantásticos, cantores que mudaram a estória da música, e movimentos musicais inteiros... Perto do cenário musical atual, me considero uma pessoa privilegiada por ter conhecido e vivenciado tudo isso.

Naquela época, só podia sonhar em assistir minhas bandas favoritas, ir aos festivais, como os saudosos Phillips Monsters Of Rock, o Hollywood Rock ou o Rock’n Rio... Era muito nova, só entraria nos shows com o responsável, e nenhum dos meus queridos genitores tinham o mesmo gosto musical que eu... Meu pai com certeza perderia os poucos cabelos que tinha se me visse hoje...rs

Os anos passaram... artistas morreram, bandas acabaram, perderam espaço, os estilos se misturaram, as sobreviventes se adaptaram e quem viu, viu... quem não viu só pode se lamentar... como eu.

Às vezes, porém, temos a chance de viver o que não conseguimos no passado. E foi uma dessas oportunidades que tive no último dia 13, graças a uma amiga... Fui ao show do Guns ‘n Roses em São Paulo e pude ver não só Axl Rose e sua nova turma, como o Sebastian Bach cantando clássicos dos anos 90.

Os shows começaram com muito atraso, as bandas brasileiras deixaram a desejar... mas fiquei muito surpresa com o Sebastian e o Guns. Os shows foram ótimos!

Confesso que Skid Row (a antiga banda do Sebastian) marcou minha vida em momentos decisivos, fez parte de minha história talvez muito mais que Guns ‘n Roses. Lógico que também tive os meus momentos ouvindo Axl, mas a carga emocional das lembranças é muito diferente.

O fato é que nem o Axl e nem o Sebastian são mais os mesmos loucos rebeldes que causavam confusões nos hotéis e polêmica onde quer que estivessem.... Axl sequer lembra o magrelo cabeludo que corria de um lado para o outro no palco... é muito difícil achar dentro dele o cantor que conhecemos...

E ai vem a grande questão deste post... o tempo passa! E não passa só para nós, pessoas comuns com nossas vidas comuns... Passa para nossos cantores preferidos, para nossas músicas, para nosso estilo... e não podemos congelar o tempo e nos manter inertes e indiferentes às mudanças que acontecem ao nosso redor.

Assim como as bandas, sobrevive quem se adapta... E aqui o adaptar-se não é apenas ao meio. É adaptar-se a sua idade, é amadurecer, é crescer sem mudar sua essência.
Aquilo que fomos não voltará jamais... os momentos do passado ficam no passado, nas nossas memórias, fazem parte daquilo que somos, mas não vão mais voltar.

Não podemos exigir de pessoas com 50 anos a mesma voz, desempenho e performance que tinham aos 20 anos... E isso não quer dizer que é melhor ou pior. É apenas respeitar a obra do artista como um todo, e a coragem que pessoas como Axl e Sebastian tiveram para voltar à rotina de shows internacionais depois de tanto tempo. É entender que também não podemos exigir de nós mesmos as condições físicas que tínhamos a 10, 20 anos.

Independente das condições que se apresentaram (e afirmo que foi um dos melhores shows que já vi), temos que admitir que Guns ‘n Roses e Skid Row (assim como Ozzy, Iron Maiden, ACDC, Metallica e tantos outros) são lendas vivas da música, revolucionaram uma época e marcaram toda uma geração pelo menos.

E a idade não é de todo ruim... nos traz maturidade, nos faz pensar nas loucuras que já fizemos e nos erros que já cometemos... mesmo se surtarmos um dia, e pararmos na grade da pista do show, disputando espaço com adolescentes (assim como eu fiz) rs

O que importa na verdade, não é o nosso tempo de vida, mas sim COMO vivemos essa vida e o que podemos deixar para o futuro.

Afinal, vocês já pensaram em chegar na idade de seus avós sem estórias para contar?

quarta-feira, 10 de março de 2010

O Retorno

(...) Vou voltar
Sei que não chegou a hora de se ir embora é melhor ficar
Vou ficar
Sei que tem gente cantando, tem gente esperando a hora de chegar
Vou chegar
Chego com as águas turvas, eu fiz tantas curvas pra poder cantar
Esse meu canto que não presta
Que tanta gente então detesta
Mas isso é tudo que me resta (...)
(O Homem – Raul Seixas)



Meus últimos dias em Dublin foram muito tranqüilos.
Fui até em uma baladinha no Temple Bar, a Busker’s. Não estava muito agitada por conta do feriado... e uma de minhas amigas estava passando mal, fomos embora cedo.

Depois do Ano Novo, minha irmã teve um surto de fraternidade, e se lembrou que eu precisaria de alguém para me pegar no Aeroporto. Infelizmente, para ela, já havia acertado tudo com um ex-namorado.

Confesso que passei todo meu tempo livre trabalhando em uma surpresa para meus amigos: um filminho com um resumo de nossas viagens pela Europa. Como, resolvi passar a noite no aeroporto (pela última vez), entreguei cópias a todos no dia 3 de janeiro. O pessoal adorou, e o carinho de todos me emocionou... Meus amigos me levaram, me ajudaram com as malas pesadíssimas e me instalaram em umas poltronas em frente a Starbuck’s, e não consegui segurar as lágrimas quando eles foram embora.

Passei a noite em claro (como sempre) com um livro emprestado, que quase terminei na madrugada. De manhã, não tive problemas no embarque e nem na conexão em Amsterdã.

Fiz uma ótima viagem para o Brasil, com uma companhia super especial, fechando com “chave de ouro” esses dias que passei fora de casa. Posso dizer que conheci pessoas maravilhosas nesse tempo todo, e não poderia ser diferente no meu retorno.

Ao chegar em São Paulo, tive minha segunda surpresa do dia: minha família estava me esperando. Todas elas, num surto coletivo de fraternidade, foram me buscar... assim como meu ex-namorado.

Teria sido lindo, se ao chegar em casa não tivessem me contado que minha mãe entrou em depressão no Natal, não quis sair do quarto, não quis falar com ninguém, simplesmente porque uma das nossas cachorras estava doente, foi internada e quase morreu.
É isso mesmo: minha mãe não quis falar comigo (e com ninguém) no dia de Natal, meu aniversário, porque a cachorra estava doente. Isso me coloca numa posição bem abaixo do que imaginava que ocupasse nessa família.
E não, não estou sendo dramática, nem insensível. Estou sendo realista. E um pouco revoltada, claro.
Afinal, tive que engolir mais essa, respirar fundo e vestir mais uma vez minha “pocker face”, e fingir que estava tudo bem.

No dia seguinte, as surpresas desagradáveis continuaram... um telefonema me acordou, e acabei atendendo uma pessoa com que não tinha a menor intenção de falar tão cedo (no sentido de ter acabado de voltar para casa).
Alem disso, meu ex-namorado (o mesmo que foi me buscar no aeroporto) estava desempregado há algum tempo, atrasou uma parcela do carro e começaram a chegar cobranças na minha casa.

É, pessoal... mulher apaixonada é pior que retardada... perde o juízo e faz cada coisa que até Deus duvida...
Essa foi a maior besteira da minha vida: emprestar o meu nome para o financiamento do automóvel do meu ex... mas, entrei em contato com ele, e ele me garantiu que já estava resolvendo o problema.

Como vocês podem perceber, meu 2010 já começou cheio das atribulações.

Mas, mais importante que todas essas confusões, muita coisa mudou dentro de mim nessa viagem. Apesar de ter passado pouco tempo fora, foi quase um curso intensivo para crescer.
Longe de minha família, pude tomar consciência de quem e o que sou. Hoje, conheço melhor meus limites e meu potencial. Tracei meus objetivos lá na Europa, e desde que voltei estou batalhando para alcançá-los.

Tenho certeza que este será um ano diferente. Não por numerologia, astrologia, e nada ligado a esoterismo. Será diferente porque eu vou fazer tudo diferente, porque eu estou diferente. Em essência, sou a mesma pessoa, mas minha visão de mundo e da minha vida mudou.

E já é tempo de sair do casulo, e me tornar a mulher que nasci para ser.

domingo, 7 de março de 2010

New Year's Day

“All is quiet on New Year's day
A world in white gets underway
And I want to be with you
Be with you night and day
Nothing changes on New Year's day
On New Year's day
I will be with you again (…)”
(New Year's Day – U2)


Finalmente chegou o Ano Novo...

E Dublin, assim como muitas cidades européias, não tem a tradição da comemoração massiva. Não há um local como a nossa Avenida Paulista, onde as pessoas se reúnem, queima de fogos e comemoração. Aliás, em muitos lugares da Europa a queima de fogos é proibida.

Como não tínhamos muitas opções, decidimos passar a virada em uma baladinha, próximo ao St. Stephens Green Park.

Estava me arrumando para a festa, no Hostel, quando um americano marombado e seu amigo “Harry Potter” (juro que não tem definição melhor para a aparência do coitado) chegaram no quarto. Acreditem: eles são de New York, e foram passar o ano novo em Dublin... não, não precisa entender porque, honestamente, nem eu entendi rs.

O amigo “Harry Potter” estava tentando carregar o celular e levou um baile do adaptador de tomada... e eu, com pena, fui ajudar. Só precisei colocar um calço no adaptador para que ele funcionasse, e não resisti a tirar um barato com a cara do “Harry Potter”, e diante da sua cara de espanto, disse “It’s just a brazilian way!” hehe

Enfim, fomos para a baladinha. Foi mais uma experiência inesquecível. E única, com certeza. Vi famílias inteiras na baladinha, comemorando a virada do ano. O DJ cumpriu o seu papel, tocou de tudo um pouco, fez a contagem regressiva, e nós cumprimos o nosso papel! Dançamos, cantamos e curtimos muito os últimos momentos de 2009 e os primeiros de 2010. Foi uma noite que certamente ficará na nossa lembrança.

Mas, seguindo a tradição irlandesa, a noitada acaba cedo. Por ser ano novo, as baladas fecharam às 3hs da madrugada. E quando acaba, realmente acaba: os seguranças colocam todo mundo para fora.

Quando saímos, descobrimos que havia nevado...

Se eu pudesse definir o caos, seria como esta noite de ano novo em Dublin!rs
Imaginem que todos saíram dos pubs e boates ao mesmo tempo. As ruas estavam lotadas de pessoas bêbadas cambaleando no gelo e escorregando nas pedras das calçadas.

Nunca vi tantos carros de polícia, ambulâncias e carros do corpo de Bombeiros passando ao mesmo tempo... pessoas escorregando, gritando e caindo (não necessariamente nessa ordem), gente se machucando, carros batendo (o asfalto escorregadio não segura o freio dos carros) e bêbados se ajudando a levantar do chão.
Honestamente, não sei como cheguei no Hostel sem cair. Sei que se tivesse escorregado teria me machucado feio... estava de salto... e salto com neve, gelo e eu não é a combinação mais segura do mundo.

No dia seguinte, iniciei minha contagem regressiva para a volta ao Brasil.

Confesso que tentei tirar de meu coração toda a mágoa causada pelo Natal, e procurei minha família na internet. Assim como toda a semana anterior, ninguém apareceu para que eu desejasse um Feliz Ano Novo.

Esse foi o grande motivador de todos os planos que fiz para este ano. Enchi meu coração de esperanças por um 2010 repleto de felicidades e conquistas, e comecei a viver minha vida dando valor às pessoas que fazem questão da minha companhia.
Isso significa que simplesmente não me deixei afetar pela tristeza, fui até a casa dos meus amigos e assim passei meus últimos dias em Dublin.


No próximo post falarei sobre minha volta e as surpresas que me aguardavam!

sexta-feira, 5 de março de 2010

Happy Xmas

“(…) So this is Christmas
And what have you done
Another year over
And a new one just begun
And so this is Christmas
I hope you'll have fun
The near and the dear one
The old and the young
A very Merry Christmas
And a happy New Year
Let's hope it's a good one
Without any fear (…)
(Happy Xmas (War Is Over) - John Lennon)



Tenho que confessar que não foi nada fácil deixar para trás as terras escocesas...
Nosso regresso a Dublin foi triste, silencioso.

Para ajudar, chegamos na Irlanda e tivemos problemas com a Imigração (novidade... tivemos em todas as viagens..) e perdemos o ônibus para o centro da cidade. Resultado: dormimos no aeroporto.
Quer dizer, minhas amigas dormiram... eu e minha insônia circulamos pelo aeroporto até o dia raiar.

Uma de nossas amigas pegou o primeiro vôo para Liverpool e nós (eu e minha companheira de viagem, já que nossa outra amiga teve que pegar o Nightlink) tivemos que esperar até as 11hs da manhã para ir embora, já que nossa reserva no Hostel iniciava a partir das 12hs.

Ao chegar no Hostel, só queríamos dormir rs. Mas conhecemos uma senhora irlandesa super simpática e acabamos conversando com ela, ao invés de tirar uma soneca...
No fim do dia, fomos buscar nossa amiga no aeroporto e ouvir sobre sua viagem à nevada terra dos Beatles...

Por conta dos incidentes em Roma e Madri, minha amiga (aquela que saiu do Brasil comigo) antecipou sua volta para o dia 24 de dezembro.

Como uma despedida (e uma desculpa para matar a vontade hehe) resolvemos fazer a noite do sashimi na casa de nossos amigos. Para isso, numa das tardes mais frias de dezembro, fomos até Howth, o porto, comprar salmão.
Alem do salmão, compramos arroz especial, shoyu, raiz forte... enfim, só faltou o sakê!
Fizemos uma festa japonesa no apartamento, com direito a brinde com sushi, e sashimi até não aguentar mais.

Na véspera de Natal, fui com minha amiga no aeroporto... e foi uma das despedidas mais tristes da minha vida! Seria meu aniversário em poucas horas, e ver alguém que eu gosto indo embora doeu demais... nem tenho como descrever como foi sofrido...
Voltei para o Hostel chorando muito...

Para compensar, tive a melhor noite de Natal do últimos anos, com direito a bolo, parabéns e festa do pijama na madrugada! Foi maravilhoso! Só fomos embora na tarde do dia de Natal, e tudo estava absolutamente congelado... com uma temperatura de -8ºC na madrugada, a neve virou gelo e as ruas viraram sabão...
Para uma pessoa atrapalhada como eu, foi um desafio e uma aventura chegar inteira até o Hostel. Por isso, pegamos o taxi mais caro do mundo, e cheguei sã e salva!

Mas, nem tudo foram flores...
Como diz minha avó, quem começa o dia muito feliz termina ele chorando... pois bem... a maior tristeza de todas veio da minha própria família.
Passei a semana inteira pedindo para minhas irmãs e minha mãe entrarem na internet no dia de Natal, e ninguem apareceu...

Alem de ser Natal é meu aniversário,e queria muito ter falado com alguém da minha casa... mas só tive o silêncio e o aumento da minha revolta interior...
Muitos amigos me escreveram, falei com diversas pessoas no msn... mas ninguém conseguiu preencher aquele vazio...

Confesso que o que mais doeu foi saber que o cara mais idiota que conheço ficou preocupado com isso, ligou na minha casa para pedir para alguém entrar na internet... e ninguém atendeu o telefone... fiquei arrasada... acho que foi o pior aniversário da minha vida, desde os 16 anos...
Chorei até dormir, mas as lágrimas secaram , o mundo não acabou, o sol nasceu no outro dia e mais uma vez eu me levantei.

Já deveria estar acostumada com as coisas que minha família apronta... mas elas se superam a cada dia... Vou fazer um post sobre isso mais pra frente...

Bem, a semana passou sem grandes acontecimentos. Até que chegou o dia de mais uma amiga ir embora. Era 29 de dezembro...
Passei a noite acordada, conversando com uns brasileiros no Hostel (nem gosto de falar... rs), por isso dei um susto na minha amiga (que me esperava no quarto) e ela acordou mais cedo do que devia para ir embora. O grande problema foi que o taxista contratado não apareceu, e ela acabou indo embora com os meus novos amigos brasileiros. Deus sabe o que faz... rs

E enfim, chegou o Ano Novo!

E é sobre isso que vou falar no próximo post, aguardem!

terça-feira, 2 de março de 2010

Scotland United

(…) Into battle, kill and fight
Forge a kingdom, Scotland unite
Malcom King, you won the right
Take the throne, Scotland united
It's the year 1018, march for your country
to the battle of Carham, we will spell history
(Scotland United - Grave Digger)


Chegamos a Glasgow sem muitos incidentes. E ficamos impressionadas com isso.
Mas, depois de 30 minutos em solo escocês, percebemos que aquela viagem seria diferente! Foi a melhor viagem que fizemos pela Europa.

Imaginem um país de pessoas simpáticas, bem humoradas e prestativas... Um país com pessoas que realmente se importam com turistas... e que quase pertence a Ryanair (hehehe).
Essa é a Escócia! Um país maravilhoso, com pessoas maravilhosas, lugares lindos, paisagens de dar nó na garganta e lágrimas nos olhos...

Seguindo as orientações de uma funcionária do aeroporto, pegamos um trem e partimos para a cidade de Glasgow. Depois de diversas gentilezas e informações absolutamente corretas, chegamos a estação, onde o Martin (um funcionário muuuuito gente fina) nos levou até o trem para Edimburgh (a capital escocesa). Nos levou, não... nos colocou dentro do trem!

Chegamos em Edimburgh e logo achamos o Hostel para nos hospedar. Super bem localizado, aliás... fica em frente a estação de trem!! Conseguimos um quarto com uma vista privilegiada para o centro da cidade, e descansamos até o outro dia.

Logo cedo, saímos para uma walking tour gratuita pela cidade. E pudemos comprovar como Edimburgh é linda! Existe um parque no centro da cidade que estava todo decorado para o Natal. Tinha até uma pista de patinação no gelo!

O castelo é construído sobre um rochedo, e do parque temos uma visão linda dele. Parece esculpido na rocha... Lá fica a Pedra do Destino, uma rocha monolítica que simboliza o poder dos reis escoceses: todos eles foram coroados sobre a pedra. Após a conquista da Escócia pela Inglaterra, a pedra foi transportada para Londres, e todos os reis subseqüentes aderiram ao ritual escocês de coroação. Somente na década de 1990 a pedra voltou para a Escócia, depois de séculos de briga e muita travessura escocesa... rs.

Após a walking tour, demos uma volta no parque e fomos procurar informações sobre o Lago Ness. Sim, porque ir a Escócia e não visitar o seu ponto turístico mais famoso é motivo para chorar muito!

Como estávamos em Edimburgh (quase o Paraíso, perto de tudo que passamos), logo localizamos uma área de Informações para Turistas, com venda de pacotes e guias de viagem. Acreditem: o atendente foi tão solícito que pegou uma calculadora e nos ajudou a escolher o pacote mais em conta!

Ao sair da loja, felizes por ter comprado o pacote, tivemos uma grande surpresa. Apenas atravessando a rua, havia um típico Scoth, devidamente paramentado com seu kilt, tocando sua gaita de foles!

Pois bem........ esqueçam!! O som é totalmente diferente, inconfundível e arrepiante. A trilha sonora de Coração Valente foi feita com uma espécie de flauta irlandesa, que tem o som parecido.

E embaladas com este som, esperamos o dia seguinte, para conhecer Nessie (o apelido do lendário Monstro do Lago Ness).

Acordamos numa escura e fria manhã de inverno, e fomos num microônibus com um guia super animado para as Highlands (o norte da Escócia, onde se localiza o lago). Passamos por lugares lindos, castelos maravilhosos, paisagens indescritíveis, ao som de gaitas de fole (de verdade), e ouvindo sobre as batalhas de William Walace, os clãs e as guerras da região.

Quando chegamos ao lago.... parecia que estávamos dentro de um sonho. É com certeza um dos lugares mais bonitos que já vi! É emocionante chegar pertinho das águas escuras do lago, caminhar por suas margens e pelo vilarejo... É uma pena que anoitece cedo... 15hs já está ficando escuro. E mais triste ainda foi não termos visto o monstro...rsrs

Nossa viagem de volta a Edimburgh nos proporcionou cenas inesquecíveis, como um castelo a beira de um lago, e a gigantesca Forth Rail. Inspirada em Nessie, ela parece uma serpente sobre o mar. Chegamos em Edimburgh quando já era noite escura, por volta das 18hs.

Nosso último dia completo na Escócia iniciou cedo, mas não menos cheio que os outros. Nesse dia, minhas amigas decidiram patinar no gelo! E assim, fomos ao parque, até a pista de patinação.
Quer dizer... minhas amigas patinaram, enquanto eu filmava e fotografa, junto com mais uma amiga, lógico! Eu sou a pessoa que cai sem motivos, tropeça nos próprios pés e vira os tornozelos de tênis.... Sou a rainha do desastre... imaginem se caio inexplicavelmente no gelo, como só eu sei fazer, e me machuco seriamente? Não quis nem arriscar... e por isso estou aqui inteirinha escrevendo este texto! Hahah

Nos despedimos da Escócia com um aperto no coração... foi um lugar maravilhosamente acolhedor, e fechou com chave de ouro nosso turismo pela Europa. E ao voltarmos para o aeroporto, reencontramos o Martin, e ele nos colocou novamente no trem! E também conhecemos o alemão mais escocês do mundo, um simpático funcionário da Ryanair.

Coisas de Escócia... até o pessoal da Ryanair é simpático por lá, gente! heheh

Obs.: Resolvemos fazer guerra de neve em Edimburgh, e depois agradecemos a Deus pelos escoceses não entenderem português! Estamos tentando descobrir o que as escocesas tomam para não sentir frio... mas já descobrimos que os escoceses gostam mesmo desse negócio de kilt; eles usam mesmo, como se fosse nossa roupa social. E gaitas de fole funcionam como musica de ninar para mim! (Seria o fim da minha insônia?)
E um aviso! Se vocês forem a Edimburgh e em alguma loja verem no balcão envelopinhos amarelos, NUNCA, NUNCA, NUNCA perguntem ao vendedor do que se trata... Vocês podem se tornar a piada do dia! hehehe

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Telhados de Paris

“Venta, ali se vê
Aonde o arvoredo inventa um balé
Enquanto invento aqui pra mim
Um silêncio sem fim
Deixando a rima assim
Sem mágoa, sem nada
Só uma janela em cruz
E uma paisagem tão comum
Telhados de Paris (...)”
(Telhados de Paris – Zelia Duncan)



Depois de 15hs de viagem, chegamos a Paris.

Cidade Luz, cheia de romantismo e charme, certo? Bem, em parte. O centro de Paris é realmente lindo e faz jus à fama da cidade. Porém, basta afastar-se um pouquinho do centro, que a cidade se transforma completamente. É como se saíssemos da Avenida Paulista e andando poucos quarteirões, estivéssemos no Pelourinho.

Ficamos hospedadas em um Hostel bem afastado do centro, desta vez, e pudemos conhecer as duas partes da cidade. Honestamente, foram as melhores acomodações de nossas viagens européias (e as mais caras também rs), apesar da dificuldade de chegarmos aos pontos turísticos.

Logo no primeiro dia, resolvemos conhecer o museu de cera parisiense. Depois de quase uma hora de caminhada, nos perdendo pelas ruas de Paris, nos decepcionamos com o museu, e nem chegamos a entrar. Ele não lembra em nada o londrino Madame Tousseaud, e pelas fotos que vimos, parecia uma exposição de caricaturas. Para compensar, comemos um crepe, ouvimos um “u-la-lá”, e voltamos para o Hostel, programando nossos próximos passeios.
No segundo dia, mais uma amiga se juntou à nossa aventura. Agora, como um quinteto, fomos conhecer a Torre Eiffel e a Champs Elyseé. Encontramos a casa onde Santos Dummont morou na Cidade Luz, e “turistamos” até o dia acabar.

No dia seguinte, nosso terceiro dia, fomos até Versailles, conhecer o magnífico palácio e o indescritível jardim. Apesar de ainda sofrer as conseqüências do saque da Revolução Francesa (muitas salas estão vazias já que as peças não foram recuperadas, e não há registros para repô-las), é sem dúvida um dos lugares mais bonitos e luxuosos da Europa. Seus jardins se estendem até onde a vista alcança, e é muito fácil imaginar as festas de Maria Antonieta e os mosqueteiros de Luis XV em toda sua extensão.
Mais um dia, e mais um passeio inusitado. Decidimos ir ao cemitério Père-Lachaise, onde diversos famosos estão enterrados; encontramos Jim Morrison, Chopin, Allan Kardec, Edit Piaff e Oscar Wild. Além disso, fomos presenteadas com neve! A primeira vez que vimos nevar, estávamos saindo da estação, em frente ao cemitério.
Depois, fomos ao Museu do Louvre, visitar a Mona Lisa e a Vênus de Milo. Esta foi sem dúvida, uma das maiores emoções da minha vida. Caminhar por entre as estátuas, quadros e obras de arte do Louvre sempre esteve em meus sonhos. E para encerrar o dia, um passeio pela Catedral de Notredamme.
Nosso último dia em Paris começou cedo, com um passeio a Igreja Sacré-Coeur, que fica no ponto mais alto da cidade. Infeliz mente, não podemos fotografar o interior da igreja, mas posso afirmar com toda a certeza que ela é linda, muito mais bonita que Notredamme. Ao sair, mais uma vez a emoção tomou conta de nossos coraçõezinhos, embalados por um violinista.
Depois, fomos ao Arco do Triunfo, e finalmente, o Moulin Rouge.
Confesso que fiquei um pouco decepcionada com o Moulin Rouge. Primeiro, pela localização; ele fica num bairro no “lado B” de Paris, cercado por casas de shows noturnos (se é que vocês me entendem rs). E segundo porque ele não tem nada do glamour que imaginamos. Alem disso, os shows são caríssimos (o ingresso mais barato custa cerca de 100,00 euros).
Ainda fizemos um ultimo passeio pela congelada Champs Elyssé antes de partir, e passeamos pela feirinha de natal montada das praças próximo ao rio Senna.
Quanto ao povo, de uma maneira geral os franceses são muito bonitos e elegantes, mais ainda que os italianos e ingleses. E não são nada fedidos, como reza a lenda.

Partimos para Dublin, e passamos a noite no aeroporto, aguardando o nosso vôo para a Escócia.
E essa será a aventura do próximo post!

Obs.: Paris foi o lugar que mais tivemos dificuldade de comunicação, e ao mesmo tempo, o local onde nos comunicamos melhor! Explico. Apesar de conhecerem, por uma questão cultural os franceses se recusam a falar o inglês; o jeito foi optar para mímica e para o espanhol. Por outro lado, em todos os pontos turísticos encontramos pessoas falando português (Portugueses ou pessoas que aprenderam o idioma), alem de áudio-guias em português. Tudo isso facilitou muito a nossa vida.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Flor de Madri



“(...) E quem passar sob os céus de Madrid,
Vê sim, há de ver à vagar por aí,
Sem lar, sem ninguém,
A mulher que ficou a esperar,
O amor que não vem, não vem (...)”
(Flor de Madri – Angela Maria)




Madri é uma cidade amarela, cheia de encantos e gente maluca! Rs


Chegamos às vésperas do feriado mais importante para os espanhóis, o dia de Nossa Senhora da Conceição, e nem desconfiávamos do que estava acontecendo.
Para comemorar esse feriado, o povo se desloca para Madri, a fim de fazer as compras de Natal e confraternizar. Vimos cenas inusitadas, como escoceses com kilts de couro, idosas com chapéus de asas de borboleta, uma excursão com uns 20 portugueses parando o transito da cidade, com seus chapéus de alce...


Bem, a cidade ficou mais cheia que a 25 de março em vésperas de Natal, e nós quase dormimos ao relento, pois tivemos uma pequena confusão com hospedagem.
No fim, passamos por 3 hostels diferentes e pudemos reencontrar alguns amigos na cidade.


Madri possui diversos museus expondo obras de Picasso e Salvador Dali, e pontos turísticos tão inusitados quanto a cidade, como o Parque Del Bueno Retiro (vale a pena conhecer o Palácio de Cristal, no coração do parque), o monumento a Cervantes (com seu gigantesco Dom Quixote) e o Estádio Santiago Bernabéu (o estádio do Real Madrid).


A visita ao estádio não foi nada planejada, mas nos rendeu momentos de muitas risadas e de diversão. Além disso, qualquer brasileiro que gosta de futebol e visita o Santiago Bernabéu fica com uma pontinha de inveja, pelo respeito ao público e aos jogadores, o reconhecimento a torcida e todo o cuidado com infraestrutura que existe no estádio.


Ficamos uma semana em Madri, e com exceção do Colosso, onde acontecem as touradas, conseguimos conhecer todos os pontos turísticos da cidade.


E foi no momento de ir embora que passamos a grande aventura da viagem, já que foi o dia em  que tudo deu errado conosco (agora éramos quatro mochileiras!).


Pegamos o metro para o aeroporto, mas percebemos que estávamos na linha errada após andarmos 3 estações. Conseguimos corrigir o problema e pegamos a linha do aeroporto (o metro de Madrid é tão grande e complexo quanto o de Londres).


O segundo problema do dia foi o terminal. Nossa companhia aérea inicialmente estava no Terminal 3, e existem duas estações no aeroporto, a T1-T2-T3 e a T4. Aprendemos a força que a nossa lógica não é como a dos espanhóis. Pela nossa lógica, seria mais fácil desembarcar no T4, e ir ao T3, que desembarcar no T1 e ir ao T3, certo? ERRADO! 
O T4 é tão longe dos outros terminais que é necessário pegar um ônibus, taxi ou novamente o metro para chegar ao T3.
Descobrimos isso da pior forma possível (desembarcando no T4) e tivemos que tomar novamente o metrô para ter acesso aos outros terminais.


Chegamos ao Terminal 1 e corremos em direção ao Terminal 3, para descobrimos que ele estava fechado. Fomos até o Terminal 2, e descobrimos que a empresa estava no Terminal 1. Finalmente no T1, procuramos a empresa e não achamos de jeito nenhum! Pedimos a informação no guichê de venda de passagens, e a resposta irônica foi:


- Vocês não viram que é ali, dentro da lanchonete?


A pressa era tanta que nem quisemos responder à altura.


Chegamos ao guichê, já havia acabado o horário do check-in, mas o painel ainda indicava o embarque de passageiros. Fomos orientadas a falar com o gerente, e tivemos que aguardar numa fila de 4 pessoas.
Todas foram muito bem atendidas e rapidamente. Porém, chegando na nossa vez, o telefone do gerente tocou...


Ele olhou para as nossas caras, atendeu o telefone, e para nosso desespero, saiu do balcão!


O rádio do guichê do gerente começou a chamar, pedindo a liberação do vôo de Dublin, e o homem estava no celular, ignorando completamente nossa presença. Tanto que ele ia desligar o telefone, olhou para nossa cara, e lembrou que tinha mais alguma coisa para falar com a pessoa.


Nós não estávamos acreditando no que estávamos vendo...


Uma funcionária liberou o vôo, e só então o gerente apareceu para nos atender, mas não havia mais o que fazer... perdemos as passagens.
Para embarcarmos no mesmo horário no dia seguinte, cada uma deveria pagar 100 euros de multa. Mas, perderíamos as passagens para Paris.
Para vôos no mesmo dia, as passagens mais baratas eram 243 euros. Ficamos desoladas.


Chamei uma das minhas amigas, e enquanto as outras duas olhavam as bolsas, fomos buscar alternativas na internet. Depois de muito pesquisar, descobrimos um trem noturno Madri-Paris, que deveria resolver os nossos problemas; como a venda de passagens para o dia não era feita pela internet, deveríamos ir até a agência mais próxima, no centro de Madri.


No trajeto, tivemos mais uma surpresa desagradável. Nossas bolsas foram remexidas no metrô e minha amiga (aquela que partiu do Brasil comigo) foi assaltada mais uma vez... levaram a carteira dela, com o cartão de crédito e uns trocados... foi uma tristeza enorme, para todas nós!


Compramos as passagens por um valor bem mais alto que o anunciado no site, já que foi na ultima hora (os descontos são apenas para compras antecipadas), nossa amiga conseguiu cancelar o cartão pelo telefone, e fomos para a estação, esperar o trem, com 5 horas de antecedência, tamanho era o medo de mais alguma coisa dar errada.


Mas, não houve mais contratempos, e embarcamos às 19hs para Paris.


E essa é a viagem que irei contar no próximo post.




Obs.: nessa viagem, descobrimos que o grito do Real Madri é “Vai Curinga!”, Dom Quixote é sinônimo de Michelangelo e ele esta acompanhado do Leonardo e das outras Tartarugas Ninja. Mas, a grande pergunta, aquela que não quer calar é: que raio de bebida é um chupisco? E é only esto, pessoal!

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

London, London

"I'm wandering round and round, nowhere to go
I'm lonely in London, London, is lovely so
I cross the streets without fear, everybody keeps the way clear
I know, I know, there's no one here to say hello
I know they keep the way clear, I am lonely in London without fear
I'm wandering round and round, nowhere to go (...)"
(London, London - RPM)




Olá, pessoal!!


Depois de todo esse tempo sem escrever (a viagem pela Europa me consumiu e não consegui atualizar minhas aventuras em tempo real), estou retomando o blog exatamente de onde parei: meu passeio por Londres.


Bem, apesar de ter sido a viagem mais corrida, porque tivemos poucos dias para conhecer a cidade, posso dizer que é uma metrópole muito bonita.


Da mesma forma que Roma é uma cidade laranja, Londres é uma cidade branca.
Seus edifícios bem branquinhos contrastam com o céu cinzento e não deixam a imagem de obscura, como pode-se imaginar.
Além disso, existem diversos parques pela cidade, todos gigantescos, muito bem utilizados pela população.


Adoramos o passeio no museu Madame Tusssaud's London (o museu de cera mais famoso do mundo), onde pudemos tirar fotos com várias celebridades. O passeio na London Eye (a maior roda gigante do mundo) também foi maravilhoso... A vista é incrível!


Mas nos decepcionamos com o Big Ben... Tanto minha amiga como eu sempre tivemos a impressão de que a torre fosse alta, imponente, etc. Mas, quando chegamos lá, vimos que apesar da fama, o relógio é bemmmm pequeno.


Já o Palácio é um espetáculo a parte.... apesar de não termos acompanhado a tão famosa troca da guarda, pudemos apreciar toda a fachada e um desfile de charretes.


Como contratempo, nosso Hostel era muito longe do centro histórico da cidade, dificultando o acesso à maioria dos pontos históricos. Além disso, nossa ala era mista, e tivemos algumas surpresas desagradáveis ao usar o banheiro (compartilhado) do nosso andar.
Também tivemos um sério problema com o trânsito, e por muito pouco não perdemos o vôo.


Quanto às estórias engraçadas, eu consegui cair dentro de uma loja (me apoiei em uma caixa, mas ela estava vazia e caiu, comigo dentro dela), e sai rolando sentada na esteira do Raio-X do aeroporto (o desespero para ir embora era tanto que na hora de calçar a bota perdi o equilíbrio e cai sentada na esteira).


No próximo post, vou contar a vocês como foi a viagem a Madri!