quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Flor de Madri



“(...) E quem passar sob os céus de Madrid,
Vê sim, há de ver à vagar por aí,
Sem lar, sem ninguém,
A mulher que ficou a esperar,
O amor que não vem, não vem (...)”
(Flor de Madri – Angela Maria)




Madri é uma cidade amarela, cheia de encantos e gente maluca! Rs


Chegamos às vésperas do feriado mais importante para os espanhóis, o dia de Nossa Senhora da Conceição, e nem desconfiávamos do que estava acontecendo.
Para comemorar esse feriado, o povo se desloca para Madri, a fim de fazer as compras de Natal e confraternizar. Vimos cenas inusitadas, como escoceses com kilts de couro, idosas com chapéus de asas de borboleta, uma excursão com uns 20 portugueses parando o transito da cidade, com seus chapéus de alce...


Bem, a cidade ficou mais cheia que a 25 de março em vésperas de Natal, e nós quase dormimos ao relento, pois tivemos uma pequena confusão com hospedagem.
No fim, passamos por 3 hostels diferentes e pudemos reencontrar alguns amigos na cidade.


Madri possui diversos museus expondo obras de Picasso e Salvador Dali, e pontos turísticos tão inusitados quanto a cidade, como o Parque Del Bueno Retiro (vale a pena conhecer o Palácio de Cristal, no coração do parque), o monumento a Cervantes (com seu gigantesco Dom Quixote) e o Estádio Santiago Bernabéu (o estádio do Real Madrid).


A visita ao estádio não foi nada planejada, mas nos rendeu momentos de muitas risadas e de diversão. Além disso, qualquer brasileiro que gosta de futebol e visita o Santiago Bernabéu fica com uma pontinha de inveja, pelo respeito ao público e aos jogadores, o reconhecimento a torcida e todo o cuidado com infraestrutura que existe no estádio.


Ficamos uma semana em Madri, e com exceção do Colosso, onde acontecem as touradas, conseguimos conhecer todos os pontos turísticos da cidade.


E foi no momento de ir embora que passamos a grande aventura da viagem, já que foi o dia em  que tudo deu errado conosco (agora éramos quatro mochileiras!).


Pegamos o metro para o aeroporto, mas percebemos que estávamos na linha errada após andarmos 3 estações. Conseguimos corrigir o problema e pegamos a linha do aeroporto (o metro de Madrid é tão grande e complexo quanto o de Londres).


O segundo problema do dia foi o terminal. Nossa companhia aérea inicialmente estava no Terminal 3, e existem duas estações no aeroporto, a T1-T2-T3 e a T4. Aprendemos a força que a nossa lógica não é como a dos espanhóis. Pela nossa lógica, seria mais fácil desembarcar no T4, e ir ao T3, que desembarcar no T1 e ir ao T3, certo? ERRADO! 
O T4 é tão longe dos outros terminais que é necessário pegar um ônibus, taxi ou novamente o metro para chegar ao T3.
Descobrimos isso da pior forma possível (desembarcando no T4) e tivemos que tomar novamente o metrô para ter acesso aos outros terminais.


Chegamos ao Terminal 1 e corremos em direção ao Terminal 3, para descobrimos que ele estava fechado. Fomos até o Terminal 2, e descobrimos que a empresa estava no Terminal 1. Finalmente no T1, procuramos a empresa e não achamos de jeito nenhum! Pedimos a informação no guichê de venda de passagens, e a resposta irônica foi:


- Vocês não viram que é ali, dentro da lanchonete?


A pressa era tanta que nem quisemos responder à altura.


Chegamos ao guichê, já havia acabado o horário do check-in, mas o painel ainda indicava o embarque de passageiros. Fomos orientadas a falar com o gerente, e tivemos que aguardar numa fila de 4 pessoas.
Todas foram muito bem atendidas e rapidamente. Porém, chegando na nossa vez, o telefone do gerente tocou...


Ele olhou para as nossas caras, atendeu o telefone, e para nosso desespero, saiu do balcão!


O rádio do guichê do gerente começou a chamar, pedindo a liberação do vôo de Dublin, e o homem estava no celular, ignorando completamente nossa presença. Tanto que ele ia desligar o telefone, olhou para nossa cara, e lembrou que tinha mais alguma coisa para falar com a pessoa.


Nós não estávamos acreditando no que estávamos vendo...


Uma funcionária liberou o vôo, e só então o gerente apareceu para nos atender, mas não havia mais o que fazer... perdemos as passagens.
Para embarcarmos no mesmo horário no dia seguinte, cada uma deveria pagar 100 euros de multa. Mas, perderíamos as passagens para Paris.
Para vôos no mesmo dia, as passagens mais baratas eram 243 euros. Ficamos desoladas.


Chamei uma das minhas amigas, e enquanto as outras duas olhavam as bolsas, fomos buscar alternativas na internet. Depois de muito pesquisar, descobrimos um trem noturno Madri-Paris, que deveria resolver os nossos problemas; como a venda de passagens para o dia não era feita pela internet, deveríamos ir até a agência mais próxima, no centro de Madri.


No trajeto, tivemos mais uma surpresa desagradável. Nossas bolsas foram remexidas no metrô e minha amiga (aquela que partiu do Brasil comigo) foi assaltada mais uma vez... levaram a carteira dela, com o cartão de crédito e uns trocados... foi uma tristeza enorme, para todas nós!


Compramos as passagens por um valor bem mais alto que o anunciado no site, já que foi na ultima hora (os descontos são apenas para compras antecipadas), nossa amiga conseguiu cancelar o cartão pelo telefone, e fomos para a estação, esperar o trem, com 5 horas de antecedência, tamanho era o medo de mais alguma coisa dar errada.


Mas, não houve mais contratempos, e embarcamos às 19hs para Paris.


E essa é a viagem que irei contar no próximo post.




Obs.: nessa viagem, descobrimos que o grito do Real Madri é “Vai Curinga!”, Dom Quixote é sinônimo de Michelangelo e ele esta acompanhado do Leonardo e das outras Tartarugas Ninja. Mas, a grande pergunta, aquela que não quer calar é: que raio de bebida é um chupisco? E é only esto, pessoal!

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