sábado, 24 de abril de 2010

Everybody Hurts

"(...) Sometimes everything is wrong,
Now it's time to sing along
When your day is night alone (hold on, hold on)
If you feel like letting go (hold on)
when you think you've had too much of this life
Well hang on (...)
(Everybody Hurts - R.E.M.)


Hoje, quero dividir com vocês um texto muito popular, mas praticamente desconhecido em sua totalidade... Acho que este trecho fala melhor sobre o que vem acontecendo na minha vida do que eu mesma poderia escrever...


"(...) E a raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:
- Por favor... cativa-me! Disse ela.
- Bem quisera, disse o principezinho, mas não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
- Que é preciso fazer? Perguntou o principezinho.
- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mau-entendidos. Mas, a cada dia, te sentarás mais perto...
No dia seguinte o principezinho voltou.
- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração...É preciso ritos...
... Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não queria te fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...
- Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! Disse o principezinho.
- Vou, disse a raposa.
- Então, não sais lucrando nada!
- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.
Depois ela acrescentou:
- Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua é única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te farei presente de um segredo.
Foi o principezinho rever as rosas:
- Vós não sois absolutamente iguais a minha rosa, vós não sois nada ainda. Ninguém ainda vos cativou, nem cativaste a ninguém. Sois como era minha raposa. Era uma igual a cem mil outras. Mas eu fiz dela um amigo. Agora ela é única no mundo.
E as rosas estavam desapontadas.
- Sois belas, mas vazias, disse ele ainda. Não se pode morrer por vós. Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é porém mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus sob uma redoma. Foi a ela que eu abriguei com o paravento. Foi dela que eu matei as larvas ( exceto duas ou três borboletas). Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa.
E voltou, então, à raposa:
- Adeus, disse ele...
- Adeus, disse a raposa. Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.
- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar.
- Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que fez tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que perdi com a minha rosa... repetiu o principezinho a fim de se lembrar.
- Os homens esqueceram essa verdade, disse a raposa. Mas tu não deve esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...
- Eu sou responsável pela minha rosa... repetiu o principezinho, a fim de se lembrar. (...)"

(Trecho de O Pequeno Príncipe - Antoine de Saint-Exupéry)

Cada pessoa que cruzou meu caminho se tornou de alguma forma especial para mim. Minhas raposas são únicas, e devo a elas muito mais que palavras podem expressar!

Todavia, ainda busco minha rosa, e busco também ser a rosa de alguém.

"Por favor... cativa-me!"

sábado, 3 de abril de 2010

Malandragem

“(...) Bobeira é não viver a realidade
E eu ainda tenho uma tarde inteira
Eu ando nas ruas, eu troco um cheque
Mudo uma planta de lugar
Dirijo meu carro
Tomo o meu pileque
E ainda tenho tempo pra cantar(...)”
(Malandragem – Cassia Eller)


Será que algum dia irei me acostumar com as pessoas que vivem fora da realidade?

Por mais que tente, é sempre muito difícil entender como alguém pode viver no “Fantástico Mundo de Bob”... e o pior disso tudo é que ultimamente vivo cercada de pessoas assim.

Honestamente, não consigo entender como alguém consegue viver momentos que só estão na sua cabeça, ter amigos imaginários, projetar nos outros sentimentos que não existem, e assim vai... Aqui não estou falando de amores platônicos. Estou falando de uma fuga absoluta da realidade.

Entre 2008 e 2009 acompanhei uma situação assim... uma menina apaixonada por um rapaz que não queria nada (alem do óbvio) com ela. Me compadeci, tentei ajudar, mas aos poucos percebi que ela não queria entender a realidade...

Ela vivia um mundo de ilusões, um amor que só existia em sua cabeça, e estava cega demais para aceitar a verdade: alem de não querer nada sério, o rapaz ainda a maltratava e não tinha um pingo de respeito por ela.
Mesmo depois de ver e ouvir vários absurdos, ela continuou correndo atrás dele, achando que mesmo depois de 3 anos e,e descobriria o quanto a amava. Deve estar nessa até hoje.

No começo, achava que a loucura era só na cabeça dela. Que o problema era a baixa auto-estima, a falta de amor-próprio, enfim... Com o tempo, fui percebendo mais duas coisas: ele gostava de machucar a moça, e o pior de tudo, ele mesmo vive num mundo encantado que só existe na cabeça dele, chegando ao ponto de criar amigos falsos no Orkut e no MSN.

Bem, quando descobri isso confesso que entrei em choque. Já havia lidado com pessoas que fogem da realidade antes... Mas eram casos de trauma que levaram a uma fuga temporária. Aos poucos as pessoas despertavam para a realidade...

A questão aqui é que as pessoas simplesmente não percebem que vivem fora do mundo... A moça em questão é uma alienada, a ponto de não saber que o Corinthians é um clube. E o rapaz, alem de usar isso a seu favor, desenvolveu uma espécie de personalidade múltipla, e não faço a menor idéia de que grau ele atingiu.

Quero deixar bem claro que essas pessoas têm famílias bem estruturadas, não passam por dificuldades, têm todo apoio familiar que precisam... O que eles têm mais em comum? Ambos não possuem amigos, ambos não possuem vida social, pessoas em quem confiar... e pelo jeito, ambos não se aceitam como são.

Não sei a que ponto chega esse distúrbio (para mim é um distúrbio sim, por que normal certamente não é!!), mas a cada convite de fake que recebo vindo desse rapaz, me revolto. E estou escrevendo este post simplesmente por que acabei de receber mais um! É pessoal, alem de tudo, os perfis falsos adicionam os amigos dele...

Não sei qual é o propósito (se é que há algum), e nem me interessa saber realmente... Mas não entendo como pessoas que tem vidas tão boas não conseguem sair do casulo, romper a bolha, e ver a vida real.

Poxa, temos tão pouco tempo aqui nesse mundinho... Somos tão frágeis, qualquer coisa pode nos acontecer a qualquer momento, e nos tirar esse privilégio, que é viver... E estas pessoas preferem viver em mundos imaginários, preferem vidas de mentira a viver de verdade.

Não estou julgando ninguém... cada um sabe o que é melhor para si. Mas fico me perguntando se essas pessoas são realmente felizes... se algum dia souberam o que é ser feliz de verdade, o que é alegria de verdade... honestamente, não sei...

Mas também não quero pessoas de mentira por perto. Gosto de gente que ri, que chora, que sente, que vive. Gente que desfruta o melhor e o pior da vida, fora do “Fantástico Mundo de Bob”.

Minha vida mesmo não é muito boa... Passei por diversos momentos complicados, dias muito tristes mesmo, que apagaram o sorriso do meu rosto quase para sempre... Mas, nunca tive a pretensão ou a vontade de viver a vida de outra pessoa!

Sei que já passei por diversas experiências, coisa demais para pessoas da minha idade. Mas mesmo assim, NUNCA desejei viver menos do que já vivi. Não troco minha vida por mentiras, por capítulos de novela ou castelos imaginários.

Tenho certeza que nunca recebemos um fardo pesado demais para carregar... E tenho pena de quem não consegue ver a vida em sua plenitude...

Afinal, VIVER é tão bom!