quarta-feira, 10 de março de 2010

O Retorno

(...) Vou voltar
Sei que não chegou a hora de se ir embora é melhor ficar
Vou ficar
Sei que tem gente cantando, tem gente esperando a hora de chegar
Vou chegar
Chego com as águas turvas, eu fiz tantas curvas pra poder cantar
Esse meu canto que não presta
Que tanta gente então detesta
Mas isso é tudo que me resta (...)
(O Homem – Raul Seixas)



Meus últimos dias em Dublin foram muito tranqüilos.
Fui até em uma baladinha no Temple Bar, a Busker’s. Não estava muito agitada por conta do feriado... e uma de minhas amigas estava passando mal, fomos embora cedo.

Depois do Ano Novo, minha irmã teve um surto de fraternidade, e se lembrou que eu precisaria de alguém para me pegar no Aeroporto. Infelizmente, para ela, já havia acertado tudo com um ex-namorado.

Confesso que passei todo meu tempo livre trabalhando em uma surpresa para meus amigos: um filminho com um resumo de nossas viagens pela Europa. Como, resolvi passar a noite no aeroporto (pela última vez), entreguei cópias a todos no dia 3 de janeiro. O pessoal adorou, e o carinho de todos me emocionou... Meus amigos me levaram, me ajudaram com as malas pesadíssimas e me instalaram em umas poltronas em frente a Starbuck’s, e não consegui segurar as lágrimas quando eles foram embora.

Passei a noite em claro (como sempre) com um livro emprestado, que quase terminei na madrugada. De manhã, não tive problemas no embarque e nem na conexão em Amsterdã.

Fiz uma ótima viagem para o Brasil, com uma companhia super especial, fechando com “chave de ouro” esses dias que passei fora de casa. Posso dizer que conheci pessoas maravilhosas nesse tempo todo, e não poderia ser diferente no meu retorno.

Ao chegar em São Paulo, tive minha segunda surpresa do dia: minha família estava me esperando. Todas elas, num surto coletivo de fraternidade, foram me buscar... assim como meu ex-namorado.

Teria sido lindo, se ao chegar em casa não tivessem me contado que minha mãe entrou em depressão no Natal, não quis sair do quarto, não quis falar com ninguém, simplesmente porque uma das nossas cachorras estava doente, foi internada e quase morreu.
É isso mesmo: minha mãe não quis falar comigo (e com ninguém) no dia de Natal, meu aniversário, porque a cachorra estava doente. Isso me coloca numa posição bem abaixo do que imaginava que ocupasse nessa família.
E não, não estou sendo dramática, nem insensível. Estou sendo realista. E um pouco revoltada, claro.
Afinal, tive que engolir mais essa, respirar fundo e vestir mais uma vez minha “pocker face”, e fingir que estava tudo bem.

No dia seguinte, as surpresas desagradáveis continuaram... um telefonema me acordou, e acabei atendendo uma pessoa com que não tinha a menor intenção de falar tão cedo (no sentido de ter acabado de voltar para casa).
Alem disso, meu ex-namorado (o mesmo que foi me buscar no aeroporto) estava desempregado há algum tempo, atrasou uma parcela do carro e começaram a chegar cobranças na minha casa.

É, pessoal... mulher apaixonada é pior que retardada... perde o juízo e faz cada coisa que até Deus duvida...
Essa foi a maior besteira da minha vida: emprestar o meu nome para o financiamento do automóvel do meu ex... mas, entrei em contato com ele, e ele me garantiu que já estava resolvendo o problema.

Como vocês podem perceber, meu 2010 já começou cheio das atribulações.

Mas, mais importante que todas essas confusões, muita coisa mudou dentro de mim nessa viagem. Apesar de ter passado pouco tempo fora, foi quase um curso intensivo para crescer.
Longe de minha família, pude tomar consciência de quem e o que sou. Hoje, conheço melhor meus limites e meu potencial. Tracei meus objetivos lá na Europa, e desde que voltei estou batalhando para alcançá-los.

Tenho certeza que este será um ano diferente. Não por numerologia, astrologia, e nada ligado a esoterismo. Será diferente porque eu vou fazer tudo diferente, porque eu estou diferente. Em essência, sou a mesma pessoa, mas minha visão de mundo e da minha vida mudou.

E já é tempo de sair do casulo, e me tornar a mulher que nasci para ser.

Um comentário:

  1. Que legal sua sua descrição, você sabe escrever de forma objetiva e atraente.
    Minha vida depois do cruzeiro também mudou bastante, não no meu cotidiano, mas minha cabeça e a forma de enxergar as coisas. Também passei por muitas atribulações pós chegada, mas tudo está se endireitando.

    Muito sucesso e conquistas pra você em 2010, e uma coisa não pode mudar, viagens e passeios com os amigos.

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