quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Breaking the Law

“…So much for the golden future, I can't even start
I've had every promise broken, there's anger in my heart
you don't know what it's like, you don't have a clue
if you did you'd find yourselves doing the same thing too
Breaking the law, breaking the law…”
(Breaking the Law - Judas Priest)

 
Resolvi escrever este post depois de uma conversa com alguns amigos e algumas canecas de chopp. E deixo bem claro que eu estava sóbria! Contrariando a preferência nacional, não gosto de cerveja. Bem que tentei, mas meu paladar não se adapta de jeito nenhum... então, meu consumo de álcool, além de ser moderado por conta de uma gastrite nervosa e uma colecistectomia (cirurgia para retirada da vesícula biliar), apresenta essa particularidade. Enfim, este é apenas uma dos aspectos que trata este texto.

Desde antes de meu nascimento venho quebrando regras. Minha mãe, que sempre teve uma educação rígida, casou grávida de 04 meses. Nasci no Natal, após um belo almoço e muitos nem desconfiavam do “estado delicado” de minha mãe (entre eles meu avô), já que a pessoa afortunada não engordou mais que 05 quilos na gravidez, e não apresentava barriga. E não pensem que eu era uma criança pequena: nasci com 52cm e quase 4kg!

Aprendi a ler antes de entrar na escola, e passava uma boa parte de meu tempo livre lendo, escrevendo e rabiscando bobagens. No recreio, enquanto as meninas brincavam com bonecas, eu preferia os jogos e brincadeiras dos meninos, muito mais dinâmicos e emocionantes. Não me lembro de ter brincado de bonecas com outra pessoa além de minha irmã. Além disso, não era uma criança de muitos amigos. Não por não ser sociável, mas por simplesmente não possuir afinidades com outras crianças.
Minhas coleguinhas se importavam com a roupa da mais nova Barbie lançada, eu queria algum jogo de raciocínio ou algum livro recém lançado. E não eram livros infantis, esses eu lia na Biblioteca da escola, que não tinha muitas opções. Eu gostava de livros mais maduros, e aos 10 anos de idade já lia os mesmos livros que minha mãe.

Tenho que colocar uma observação aqui. Nunca fui obrigada por ninguém a fazer isso, sempre foi minha escolha e até hoje troco a novela pelo Discovery Channel. Alem disso, não fui uma criança sedentária. Meus pais sempre nos fizeram praticar esportes, passávamos muitas tardes no clube, fazendo todo tipo de atividade física. E ao mesmo tempo em que descobri minha paixão pela natação, minha irmã se enraizou na ginástica olímpica.

Na adolescência, passei boa parte de meu tempo livre perdida entre os livros. Nunca fui fã de televisão, e sempre me irritei com novelas e programas de auditório; assistia apenas filmes, desenhos e alguns seriados.

Com tudo isso, acabei desenvolvendo um espírito critico e muito questionador, e nunca aceitei respostas prontas, meias verdades, trabalhos mal feitos ou discursos sem conteúdo. Na minha fase mais rebelde, questionava tudo e todos, mas aos poucos fui desenvolvendo a tolerância e passei a aceitar melhor os gostos de outras pessoas.

A grande questão é que depois de anos tentando entender o que me fazia diferente da maioria, me aceitei como uma pessoa incomum. Não sou o tipo de menina que acompanha novelas e se veste de acordo com a última moda. Não sigo tendências, não gosto de ser rotulada e odeio futilidades. Odeio conversas que não chegam a lugar nenhum e, numa festa, é mais fácil me encontrar no meio dos meninos discutindo sobre os ingressos esgotados do show do ACDC, que no meio das meninas, ouvindo sobre roupas, a vida dos famosos e sapatos.

Além disso, sou extremamente ligada à música e às artes, de modo geral. E não suporto letras sem conteúdo, sons não elaborados, quadros mal feitos, ou qualquer outro tipo de arte sem cuidado e trabalho. Sou extremamente crítica e autocrítica. Mesmo quando são meus desenhos (sim, desenho e faço pintura em tela), sempre acho que é possível fazer melhor ou diferente.

Amo ciências, tecnologia, História e se não estou conectada à internet pesquisando alguma novidade, com certeza estou lendo alguma revista relacionada ao tema. Gosto muito de pesquisar e aprender sobre qualquer tipo de assunto, mas odeio quando subestimam minha inteligência, ou me julgam pela minha aparência. Sou muito mais que aparento.

Não sei quem inventou as regras sociais, não sei onde está escrito que mulheres são obrigadas a gostar de brincar de bonecas, de moda, de assistir novelas, e filmes românticos. Não sei quem estipulou a futilidade feminina. Sei que essas regras me levaram a muitas e muitas crises de identidade, e demorei muito para perceber que esse tipo de conceito deve e merece ser quebrado.

Meu ex-namorado brincava, dizendo que eu nasci para trazer um pouco de caos ao mundo. Se o preço da paz com meu espírito é ser diferente da maioria e viver quebrando as regras, vou continuar fazendo isso por muito tempo ainda, e com muita satisfação!


2 comentários:

  1. Eu acho que TUDO é construído. Quem falou que menino tem que gostar de futebol e menina de boneca? E por que isso e não o contrário?
    São séculos de construção de jeitos de ser, agir, pensar. Ah, dá um tempo, né? Quem aguenta?

    É impossível classificar pessoas e colocá-las em gavetinhas etiquetadas. Por isso que quando nos olhamos no espelho e vemos que somos 'diferentes' bate um desesperozinho (desnecessário!). Não faz sentido ser assim ou assado só pq algum louco quer que sejamos!

    O jeito é seguir, amiga! Assim: como fazemos todos os dias.
    :)
    Lindo texto.
    Bjs

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  2. Concordo! Odeio esse tipo de imposições, e já nasci rebelde! hehe

    O grande problema é que tudo é estereotipado, e quem não se encaixa vai para a berlinda social...
    Passei muitos anos tentando entender porquê gostava de rock, odiava rosa e bonecas, ao invés de me aceitar como sou.

    Hoje, me vejo como uma pessoa diferenciada, e agradeço a todos que me recriminaram e me colocaram na berlinda, pois me deram a chane de desenvolver as duas coisas mais preciosas para um ser humano: o carater e o conhecimento.

    Mas isso cabe em outro post! ehehe

    Obrigada, amiga!!

    beijos!

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